As eleições municipais de 2016 ocorrerão em um
momento profundamente conturbado da política nacional. A crise política
culminou com o afastamento definitivo de Dilma Rousseff (PT), tendo assumido em
seu lugar o vice Michel Temer (PMDB), o qual está disposto a continuar
aplicando as medidas de ajuste fiscal iniciadas pela sua antecessora.
Apesar dos diferentes discursos, os partidos da
ordem (PT, PSDB, PMDB, SD, PCdoB etc.) possuem todos um mesmo projeto, que é
governar para os patrões e fazer os trabalhadores pagarem pela crise.
Concretamente, isso significa atacar os direitos trabalhistas, a previdência
social, bem como o serviço público que é prestado à população.
Para seguirem sendo os gestores dos interesses do
capital, esses partidos colocam de lado até mesmo suas principais diferenças. É
o que acontece em Marília (SP).
Depois de espalhar aos quatro ventos que o impeachment era golpe, o PT resolveu se
coligar com o Solidariedade, o mesmo partido do Paulinho da Força, árduo
defensor do afastamento de Dilma Rousseff. Na cidade, esta coligação se
materializou na candidatura de Juliano, um empresário cujo partido prega a
ampliação da terceirização!
O mesmo vale para o PCdoB, que no âmbito nacional sempre
foi contra o processo de cassação de Dilma, mas que agora decidiu se coligar
com os “golpistas” do PSDB e do PMDB. Em Marília, todos eles se juntaram para
lançar o candidato do PSDB, Daniel Alonso, outro empresário. Como nome da
coligação, escolheram: “Marilia: desenvolvimento sem corrupção”. Isso quando
esses partidos figuram entre os mais corruptos do país. Basta lembrar que o
PMBD é o partido de Eduardo Cunha, recentemente cassado pelos seus pares, e que
o PSDB está envolvido nos escândalos do “Trensalão” e do “Roubo da Merenda”.
Há, ainda, o atual prefeito Vinícius Camarinha (candidato
à reeleição), que é representante da tradicional elite política mariliense e, além
de ser alvo de investigações da Polícia Federal, assim como seu pai, está coligado
com tudo que há de mais reacionário e retrógrado na política brasileira.
Nossa posição é que nenhuma destas candidaturas representa
os interesses dos trabalhadores, jovens, mulheres, LGBT’s e dos negros e negras
da nossa cidade, QUE SÃO, NA VERDADE, A MAIORIA ABSOLUTA DOS ELEITORES!
Dentre todos os candidatos à prefeitura do
município, a candidatura do Barba Pintor é, sem dúvida, a mais progressiva. No
entanto, ao que nos parece, a plataforma do PSOL não apresentou até o momento,
de forma clara, um programa classista e independente, que defenda a “cidade
para os trabalhadores” e que seja capaz de aglutinar os setores que protagonizaram
as lutas no período mais recente, como foi o caso dos professores, estudantes e
funcionários públicos.
Vale ressaltar que, sem a representatividade mínima
de nove deputados na Câmara Federal, Barba (PSOL) não pode participar da série
de entrevistas e debates televisionados. Isso deve-se à cláusula de barreira aprovada em maio de 2015, no qual os quatro deputados federais do PSOL (Chico Alencar, Edmilson
Rodrigues, Ivan Valente e Jean Wyllys) votaram a favor.
Nós, do PSTU, queremos a cidade nas mãos dos
trabalhadores e do povo pobre. Por isso, defendemos um governo socialista dos
trabalhadores. A cidade deve ser controlada por comitês populares organizados
nos bairros, na periferia e nos locais de trabalho. O povo deve decidir sobre o
que fazer com 100% do dinheiro do orçamento público e vigiar sua aplicação.
Como nenhuma das candidaturas mencionadas defende
esse programa, o PSTU/Marília indica aos trabalhadores e trabalhadoras o VOTO NULO*.
Sabemos que as eleições são um jogo de cartas marcadas,
onde prevalecem os interesses das classes dominantes. Não é diferente em
Marília. Prova disso é que, em nossa cidade, 69% dos candidatos são homens,
sendo que 83,4% se declararam brancos (aqueles que se declararam negros
perfazem 5% do total). As mulheres
marilienses representam 53,22% do eleitorado, sendo apenas 31% das candidaturas.
Entretanto, NENHUMA delas é candidata à prefeita. Tais números confirmam a triste realidade
brasileira, marcada pelo machismo e pelo racismo.
O
QUANTO VOCÊ CONFIA QUE ELEIÇÃO COM MAIORIA DE CANDIDATOS HOMENS, BRANCOS E
RICOS, FINANCIADOS POR INTERESSES EMPRESARIAIS, APLICARÃO POLÍTICAS QUE ATENDAM
AOS INTERESSES DOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS?
Portanto, não vamos mudar para valer as cidades ou o
país com essas eleições, e sim com a luta unificada dos trabalhadores. Para
defender o emprego, salário, educação e saúde públicas e gratuitas, moradia e
saneamento básico, é preciso botar para fora Temer e todos eles que sempre
governaram para os ricos e corruptos. É preciso unificar as lutas que ocorrem
país afora e construir uma greve geral.
Por isso, defendemos:
FORA TEMER! FORA TODOS ELES!
CONTRA O AJUSTE FISCAL!
CONTRA TODAS AS FORMAS DE OPRESSÃO!
UNIFICAR AS LUTAS E CONSTRUIR A GREVE GERAL!
POR UM GOVERNO SOCIALISTA DOS TRABALHADORES!
*O PSTU em Marília ainda não dispõe de estrutura suficiente para lançar suas
próprias candidaturas. Mesmo assim, achamos importante apresentar nossa posição
e nossas ideias, bem como convidar todos
os lutadores e lutadoras a conhecer o nosso partido e a virem construí-lo junto
com a gente!